quarta-feira, 17 de novembro de 2010

V Congresso Internacional sobre TDAH

O V Congresso Internacional da ABDA (Associação Brasileira do Deficit de Atenção)

O V Congresso Internacional da ABDA e o IV Encuentro Latinoamericano del TDAH acontecerão juntos nos dias 4 e 5 de agosto de 2011, no Rio Sheraton Hotel & Resort. Esse evento organizado pela ABDA, em parceria com a Liga Latinoamericana del TDAH será, o maior evento de TDAH da América Latina.
“TDAH um compromisso de todos” será o título desse evento que reunirá palestrantes nacionais e internacionais com palestras e workshops nos mais variados temas para médicos, psicólogos, profissionais de educação e saúde e portadores de TDAH e seus familiares.
Caso você queira saber mais informações sobre esse evento, sua programação e mais novidades, acesse periodicamente essa página.

http://www.dcd-host.com/clientes/abda/vcongresso/

É importante a divulgação de eventos como esse, pois alem dos conhecimentos adquiridos é importante por incluir pessoas que sofrem desse disturbio, socializando com todos os aspectos de vivencia em sociedade.

domingo, 24 de outubro de 2010

terapia cognitiva e transtorno do deficit de atenção e hiperatividade: um dialogo com educador

Aline Gerbasi Balestra
Um Arsenal de Técnicas ao Alcance das mãos
Agora já sabemos o que é e qual a importância da Terapia Cognitiva no TDAH. Mas uma
pergunta ainda deve permear os seus pensamentos. De que maneira suas técnicas e
princípios podem auxiliar o professor a lidar com esse problema?
Para responder essa pergunta serão apresentados alguns métodos usados
freqüentemente na TC. A idéia não é detalhar as técnicas, mas sim oferecer uma instrução útil.
Para aprofundar-se é recomendado que consultem outros materiais disponíveis na literatura
sobre TC, assim como aprender com profissionais que utilizam tais métodos regularmente.
1. Psicoeducação
Muitos pesquisadores acreditam que a psicoeducação é uma das intervenções mais
importantes para o indivíduo com o transtorno do déficit de atenção (Hallowell e Ratey, 1994;
Murphy, 1995; Nadeau, 1995) A psicoeducação consiste em fornecer a criança e seus pais
informações que favoreçam a compreensão do transtorno e das dificuldades vivenciadas, a fim
de buscar estratégias de enfrentamento.
2.
Registro de Pensamentos Automáticos
O registro de pensamento originou-se no trabalho de A. Beck e continua sendo uma
marca registrada de sua abordagem. É um exercício escrito que orienta os pacientes no
processo de identificação de pensamentos, sentimentos e comportamentos em determinadas
situações, normalmente quando estão passando por momentos angustiantes.
É muito comum que crianças portadoras de TDAH, através de suas experiências
escolares negativas, desenvolvam pensamentos negativos do tipo dicotômico “Se eu tentar não
vou conseguir entender, então é melhor nem prestar atenção” esse pensamento provoca uma
emoção de tristeza e desanimo e o comportamento será a desatenção. Portanto um problema
que já existe devido ao transtorno pode ser intensificado através de uma crença negativa.
Através do registro o paciente toma consciência do que está sendo desencadeado em
uma situação e pode reavaliar o pensamento disfuncional, buscando enxergar melhor as
respostas construtivas as situações disparadoras. Em geral é experimentada uma sensação de
auto-regulação
O professor não usará o registro propriamente dito, mas poderá estar atento aos
pensamentos que podem estar atrapalhando o desempenho dos seus alunos. Além de
trabalhar para que esses alunos não sejam rotulados e excessivamente criticados.
3. Desafio do Pensamento
Esse método de contestar seu próprio pensamento remete ao questionamento
socrático, onde uma análise indutiva traz à tona pensamentos subjacentes testando-os em
relação aos já existentes.
Esse processo, muitas vezes trás a consciência várias distorções cognitivas,
sustentadas por crenças mal-adaptativas. A TCC contesta essas distorções a fim de alterar
estruturas cognitivas e produzir uma perspectiva mais equilibrada e comportamentos
funcionais.
Aquela mesma criança citada acima com o pensamento negativo que não adianta
prestar atenção pode através da técnica avaliar a verdade disso e reestruturar essa idéia
favorecendo outros comportamentos.
O profissional pode através de questionamentos conduzir paciente acreditar mais na
sua capacidade e driblar suas dificuldades
4. Monitoração de Atividades
Através dessa técnica o paciente é orientado a escrever as atividades em um dado
período, normalmente uma semana, a fim de registrar de que maneira o paciente se organiza e
planeja suas atividades.
Essa técnica é muito eficiente para trabalhar a organização e planejamento de
atividades, pois através dela é possível reconhecer e reorganizar falhas.
Através desse trabalho o professor pode orientar seu aluno a anotar datas de provas e
trabalhos, a matéria a ser estudada e a tarefa passada no dia. Como se fosse uma agenda o
aluno passa a consultar a folha que é refeita semanalmente e fixada na capa do caderno ou em
uma pasta, qualquer lugar que seja visível e dificilmente perdido pelo aluno.
5. Resolução de Problemas
Seja verdade ou não, a criança com TDAH acredita ser nula a sua capacidade de
resolver problemas.
Durante a terapia, esses pacientes aprendem a definir seus problemas, traçar metas
para eles e levantar várias estratégias para atingirem seus objetivos. Depois disso são
estimulados a colocar uma a uma em prática, prevenindo possível insucesso e estimulando-os
a não desistirem até que a meta seja atingida.
Com um pouco de prática os pacientes descobrem que possuem uma habilidade
natural para resolverem problemas, mais do que inicialmente acreditavam.
É comum que tarefas deixem de ser realizadas pelo aluno porque este desistiu diante
da primeira dificuldade. Estimular a busca de estratégias para atingir metas e orientar a prática
pode amenizar esse problema.
6. Relaxamento e Imagens Mentais
Muitos pacientes portadores de TDAH apresentam uma tensão física como um
componente de sua angustia psicológica. Por esse motivo o relaxamento torna-se uma
habilidade clínica a ser ensinada.
O uso de imagens mentais também é muito positivo, pois muito do conteúdo de
percepção e memória são armazenados em formato visual. A TC traz esse conteúdo para a
terapia através de perguntas como “Que imagem está associada a esta memória?” ou “Você
tem consciência de alguma imagem mental antes de ter esse sentimento de tristeza?”
O uso terapêutico de imagens mentais permite que o paciente tenha acesso a
experiências mentais importantes que não poderiam estar disponíveis através de palavras.
Principalmente para a criança que muitas vezes não consegue verbalizar o que pensa, mas
não se incomoda em desenhar ou imaginar. Portanto educador, abuse dos desenhos
principalmente com crianças muito pequenas.
7. Agendas de sessão
Ao iniciar cada sessão o terapeuta e a criança definem o que farão durante aquele
momento juntos e podem organizar e planejar seu tempo. Essa ação auxilia também a criança
a adquirir maior habilidade de organização e planejamento.
O mesmo pode ser feito no inicio de cada aula. Determinar qual será o percurso de
cada aula, o que será visto em qual seqüência pode ajudar o aluno a se organizar e diminuir a
ansiedade.
8. Auto-Instrução
Intervenções de auto-instrução enfatizam a mudança de um diálogo interno. O objetivo
é substituir pensamentos mal adaptativos por pensamentos adaptativos e funcionais
Essas intervenções incluem fases. Inicialmente durante a fase de preparação a criança
é encorajada a se preparar para situações aflitivas através de declarações encorajadoras (p.
ex., “Eu sei que será difícil, mas, eu sei que se eu não entender o que o professor está
ensinando posso pedir para ele me explicar”). A auto instrução acentua o foco na tarefa.
Na fase de encontro a criança é estimulada a desenvolver monólogos que diminuem
seu estresse quanto vivencia situações desconfortáveis( p.ex., “Eu não estou entendendo
nada, mas não adianta desistir, tenho que tentar por em prática minhas estratégias para
conseguir”)
Finalmente vem a fase da auto-recompensa onde a criança valoriza a si mesma por
tem conseguido seguir a auto-instrução.
9. Role Playing
É uma técnica que facilita o treinamento de habilidades sociais e evoca pensamentos e
sentimentos importantes. O role playing consiste em uma dramatização entre a criança e o
terapeuta a fim de vivenciar e planejar estratégias para situações difíceis e aflitivas para o
paciente, simulando seu desempenho.
Como podemos observar, as técnicas cognitivas tem a intenção não somente de
mudança, mas também de fornecer um instrumento para que o aluno possa utilizar com grande
freqüência para driblar suas dificuldades. É um método didático e construtivo.
Professores, educadores e cuidadores.
Durante todo esse artigo, falamos sobre a importância do pensamento positivo sob os
comportamentos, vimos também que esses pensamentos e crenças são formados ao longo de
experiências e situações ativadoras funcionais ou não.
Sabe-se que os professores estão em contato constante com a criança e que no caso
de um aluno TDAH essa convivência não é nada fácil.
É muito comum que professores de crianças portadoras desse transtorno também
desenvolvam crenças negativas sobre si e o aluno. “O que eu fiz de errado para ele ser desse
jeito”, “Ele está se tornando um monstrinho”, “ Esse aluno é burro, nunca terá sucesso”
Desta maneira, portanto é muito importante que os professores aprendam a focalizar o
que estão sentindo e pensando antes durante e depois de uma interação problemática com
seus alunos. Aprender a administrar o afeto, enquanto ensinam seus alunos, permitindo-lhes
usar ferramentas cognitivamente adequadas e despersonalizar os comportamentos ruins,
auxilia significativamente no tratamento do transtorno.
A Teoria dos Estilos de Atribuição de M. Selligman, pode ser de grande valia nessa
interação cognitiva entre professores e alunos.
É comum que os educadores atribuam valores negativos a seus filhos de maneira
permanente e gerais “ Você é um péssimo aluno e nunca vai melhorar”.
De acordo com M. Selligaman, os professores devem atribuir valores negativos para
aspectos específicos e temporários, “ Você foi mau
com valores positivos em termos gerais e permanentes “
se sair bem
Vemos então que a segunda atribuição é mais positiva, incentivadora e construtiva.
No processo da TC os pais têm um papel fundamental no tratamento de seus filhos.
Portanto é importante que o professor esteja preparado para orientar os pais em como lidar
com as crianças em casa.
Abaixo serão relacionadas algumas dicas gerais e importantes tanto para serem
usadas pelos professores em sala de aula, como para servirem de orientação aos pais.
nesta prova de matemática” CompletandoSempre que você estudar você podena escola
1. Estabelecer Regras e Limites
Em uma sala de aula o estabelecimento de regras e limites é primordial para o bom
andamento das aulas, não somente para o aluno com TDAH, mas para toda a turma. Porém
com aluno desatento e hiperativo essa tarefa se torna um pouco mais complicada.
Ao estabelecer limites devemos nos lembrar do cuidado de não rotular ou criticar
excessivamente o aluno na frente dos demais colegas. Dessa maneira as regras devem ser
estipuladas da mesma maneira para todos os alunos. É muito importante que a criança saiba
exatamente o que se espera dela e quais serão as conseqüências positiva e negativas de
obedecer ou não a regra estipulada.
As regras estabelecidas devem ser realistas e possíveis de serem cumpridas. O professor
deve tomar o cuidado de não estipular uma regra que as crianças não conseguirão cumprir,
pois isso gerará frustração e conflitos na turma.
Assim como estabelecer regras e limites é importante, fazer com que esses limites sejam
respeitados também é uma arte.
A criança deve ter muito claro que diante de um comportamento esperado ela será
recompensada, enquanto diante de um comportamento que não corresponde ao limite e regra
estabelecida ela será punida.
Veremos então como punir e como recompensar esses alunos.
Punindo Comportamentos Indesejáveis
A punição de que estamos falando está longe de ser algo violento ou agressivo, mas
uma tarefa importante para que a criança entenda a importância de seguir regras.
Existem duas maneiras de punição mais efetivas, retirada de privilégios e a expressão de
reprovação.
A retirada de privilégios pode ser não sair da sala na hora do recreio ou não participar de
uma atividade recreativa, ou seja, privar o aluno de algo que ele teria como prazeroso.
A expressão de reprovação também é muito efetiva como maneira de punição. Muitos
alunos tentam chamar a atenção do professor ou dos colegas, falando alto, levantando da
cadeira o tempo todo. O professor deve deixar claro que essa é uma maneira negativa de obter
atenção e demonstrar insatisfação e reprovação por esse comportamento
olhar ou uma palavra de reprovação tem muito mais força do que podemos imaginar.
. Algumas vezes um
Premiando comportamentos desejáveis
Assim como punir comportamentos negativos é importante, premiar quando o aluno
respeita as regras propostas é essencial.
Existem duas maneiras de premiação a ampliação de privilégios e o elogio.
O professor pode ampliar os privilégios do aluno aumentando o seu tempo de recreação ou
liberando de tarefas enfadonhas. É possível também envolve-lo nas decisões da sala de aula,
permitir que o aluno faça algumas escolhas pode ser também uma maneira de premiar.
Atenção e elogio são extremamente reforçadores para aquele aluno que atingiu uma meta.
O aluno deve perceber que é extremamente vantajoso obedecer as regras estabelecidas.
2. Dar ordens aos alunos
Você professor é o técnico diante de muitos craques em potencial que precisam ser
desenvolvidos.
Dar ordens parece ser uma tarefa simples, mas necessita de alguns cuidados para ser
efetiva.
cumprida de cada vez. Se várias ordens forem dadas ao mesmo tempo você o
risco do aluno não se lembrar de qual foi a primeira.
Seja claro e objetivo - Evite ordens múltiplas, estabeleça uma meta a ser
criança
Ordens vagas estão fadadas ao insucesso – Deixe claro o que você espera da
assegurar que o aluno se lembrará da tarefa ou datas passadas, sugira que ele
anote.
Ordens dadas com muita antecedência podem ser esquecidas – Procure
sua lição? Cuidado, você corre o risco de receber um não quando pergunta. É
melhor dizer “Pare de se levantar e faça a sua tarefa agora”. Não dê margens aos
limites já estabelecidos.
Evite ordens na forma de pergunta – Você poderia parar de se levantar e fazer a
3. Estimule a organização
Muitas vezes uma tarefa não realizada, o material importante para a aula esquecido, o
trabalho que não foi entregue podem ser falhas ocasionadas por uma dificuldade de
organização.
A organização deve começar pelo professor. Uma aula bem estruturada com uma agenda
inicial dizendo ao aluno o que será trabalhado naquela aula e o que é esperado dele pode
facilitar a organização do aluno.
Estimular a elaboração de um cronograma semanal onde o aluno poderá anotar seus
compromissos com a escola (tarefas, trabalhos, provas). Esse cronograma funcionará como
uma agenda que pode ser atualizada semanalmente.
A organização do material também é muito importante. Essa organização pode ser
estimulada através de algumas gincanas com premiações para aqueles que se organizam bem
e não esquecem seus materiais.
4. Administrando o Tempo
Alunos com TDAH apresentam dificuldades de concluir suas atividades dentro do tempo
estabelecido, ora por levantar demais da cadeira, ora por simplesmente olhar para o
passarinho que passou pela janela da sala de aula. Por esse motivo é importante que o
professor esteja atento ao tempo que seu aluno está despendendo para a realização de suas
tarefas em sala de aula.
Auxilia-lo a administrar o tempo nas atividades em sala pode ajuda-lo a trabalhar melhor
com suas tarefas em casa ou durante uma prova.
O professor poderá estipular um prazo para a conclusão das tarefas e ir informando sobre
o tempo que falta para esse prazo se esgotar. Dessa maneira o aluno não se surpreenderá
quando o tempo se esgotar e ele for recompensando ou punido.
5. Resolvendo Problemas
Portadores de TDAH apresentam uma baixa capacidade de resolução de problemas.
Muitas vezes as crianças deixam de fazer um exercício ou não concluem uma tarefa por
desistirem diante da primeira dificuldade. Ensinar a habilidade de resolver problemas pode
auxiliar no planejamento e execução de uma tarefa.
A resolução de problemas compreende as seguintes etapas:
Reconhecimento do problema e estabelecimento de uma meta
Criação de estratégias para sua resolução
Escolher uma estratégia a ser praticada
Avaliação dos resultados obtidos
Com a prática dessa técnica os alunos descobrem que possuem capacidade de driblar as
dificuldades e tornam-se mais corajosos para lidar com os problemas, evitando assim a
desistência.
Escolha de outra alternativa caso a anterior não tenha sido satisfatória.
Conclusão
A Terapia Cognitiva Comportamental e suas técnicas e estratégias é, portanto, uma
abordagem terapêutica que se preocupa em desenvolver todos os aspectos envolvidos com a
vida da criança. O caráter didático e construtivo promove um novo aprendizado aos pais
professores e alunos a respeito do transtorno e de como lidar com ele, driblando suas
dificuldades e descobrindo novas habilidades. A terapia deve sair dos limites do consultório e
ser utilizada por todos aqueles envolvidos no cuidado das crianças e adolescentes.
*
Aline Gerbasi Balestra
Psicóloga
Especialista em Terapia Cognitiva
Pós Graduando da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – FMRP- USP
Ribeirão Preto S.P.
alinegerbasi@netsite.com.

Terapia Cognitiva e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade:
Um diálogo com o educador
*

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade é reconhecido como um dos
transtornos mais comuns da infância. Anteriormente visto como um transtorno somente da
infância, nem sempre se resolve na adolescência, mas freqüentemente persiste na fase adulta.
Estudos mostram que de 30% a 70% das crianças com diagnóstico de transtorno de déficit de
atenção continuam a ter sintomas significativos na vida adulta. (G. Weiss e Hechtman, 1993)
Por esse motivo o tratamento do transtorno na infância torna-se importantíssimo.
É clara a relevância do tratamento medicamentoso e notório a sua eficácia. Então, porque
o tratamento através da psicoterapia? Qual o tipo de psicoterapia mais indicado? Como ela é
realizada? Quais são os resultados? Essas questões serão amplamente discutidas a seguir.
A Terapia Cognitiva (TC) é freqüentemente citada como tratamento preferencial para
crianças com Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH). O consenso entre os pesquisadores e
clínicos parece ser de que está é a melhor opção, pois é uma abordagem ativa, orientadora,
que fornece apoio e incentivo ao paciente.
O Transtorno do Déficit de Atenção é normalmente descrito como uma condição
neurobiológica, que consiste em dificuldades crônicas conduzindo a sintomas primários de
desatenção, impulsividade e hiperatividade. Você pode, neste momento, estar perguntando: Se
é uma condição neurobiológica, onde a Terapia Cognitiva se encaixa?
Além de sintomas primários de déficit de atenção, impulsividade, atividade excessiva,
desorganização, intolerância ao estresse, acessos de raiva, sintomas afetivos e dificuldades de
memória, é muito comum encontrarmos problemas associados.
A criança portadora deste transtorno, comumente se percebe com pensamentos do tipo:
“Sou mau, burro e inferior”, “Não sou digno de ser gostado”. Esses pensamentos favorecem a
formação de baixo auto-conceito.
Através da percepção e desafio destes pensamentos negativos, técnicas bastante
utilizadas pela TC, é possível que a criança reestruture essas crenças negativas a respeito de
si.
A dificuldade de planejar e executar tarefas e estilo de vida desorganizado pode ser
trabalhado através de técnicas de resolução do problema. A criança aprende a definir qual é a
sua dificuldade e é encorajada a buscar estratégias e coloca-las em prática a fim de atingir sua
meta.
O Déficit Social também é um problema secundário muito comum entre as crianças
portadoras de TDAH. A impulsividade e os acessos de raiva as tornam muito pouco sociáveis.
Elas falam sem considerar as conseqüências e interrompem conversas. Para auxiliar essa
dificuldade pode ser realizado um treino de habilidades sociais associado ao controle do
comportamento através da atenção focada no pensamento.
Considerando que o comportamento é o final de uma seqüência linear onde o início é o
pensamento, é possível controlar a impulsividade a medida que a criança aprende a perceber e
modificar suas cognições. Ou seja, antes de se comportar passam a valorizar o pensar.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O ADULTO COM TDAH

O ADULTO COM TDAH

O adulto hiperativo apresenta problemas no trabalho e no relacionamento, bem como problemas emocionais.

Eis algumas características observadas:
- É desorganizado;
- Perde coisas;
- Chega quase sempre atrasado;
- Diz o que vêm à mente sem preocupação se o lugar é apropriado;
- Explode com facilidade;
- Sente-se inseguro;
- É inquieto estando sempre mexendo pernas, dedos, joelhos;
- É impaciente, em filas de banco está sempre reclamando ou acaba desistindo;
- Não fica sentado muito tempo saindo de onde estiver com freqüência;
- Baixa auto-estima;
- Tem muitos projetos ao mesmo tempo e acaba não terminando nenhum;
- Atrapalha-se com horários por causa da desorganização;
- Sente-se inferior aos outros;
- Possui dificuldade de concentração;
- Esquece-se o que estava falando;
- Sente-se inferior aos outros;
- Tem sempre a sensação que não vai conseguir alcançar seus objetivos.
Em decorrência destes fatores, o adulto hiperativo possui dificuldades em se manter no emprego, ou o abandona por tédio.
A família poderá ajudá-lo não fazendo críticas, libertando-o da culpa que provavelmente sentirá ao não conseguir manter-se no emprego, concluir tarefas ou alcançar seus objetivos.
Incentivá-lo a buscar ajuda com um especialista.
De acordo com a Associação Brasielira do Déficit de Atenção alguns adultos tiveram TDAH na infância e ainda tem alguns sintomas na vida adulta, porém em menor quantidade e sem existir muitos problemas causados pelos sintomas e quando ocorrem eles aparecem apenas em uma única situação, como o trabalho, por exemplo, mas não em nenhuma outra.
Depoimento de um adulto que sofre de TDAHI desde criança.



Minha Vida

Ele era uma criança levada, que não parava no lugar e não se concentrava em nada. Diziam que ele era hiperativo, mas pera aí? Como podia ser hiperativo uma criança que ao jogar videogame ou assistir um jogo do Flamengo na televisão ficava horas e horas parada sem ao menos piscar os olhos?
"Mal educado!!!!" " Sem limites!!!!" "Capeta!!!!" "Disperso!!!!" "Louco!!!" eram frases que ele comumente ouvia.
Ele sofria com isso, porém, sempre se considerou como os outros, pois tinha uma vida parecida com a dos seus amigos, mesmos hábitos, costumes, cultura, mas sempre fazendo as coisas muitas vezes sem pensar. Mesmo assim, ele não era somente defeitos, assim como perdia amigos facilmente, os recuperava com seu carisma e sua inteligência.
Inteligência que incomodava a muitos, pois não o viam estudar muito, se empenhar e mesmo assim colher como frutos, bons resultados... "Mas pera aí, ele nunca pode ser um bom aluno!" "Ele só pode estar colando".
Eis então que ele cresceu, a criança hiperativa mal educada virou um jovem. Ele, agora mais velho, continuava tendo muitos amigos, saía, se divertia e jogava muito bem futebol, algo em que definitivamente se concentrava e parecia até uma pessoa "normal"; ele era o capitão de seu time da escola, exercia toda sua liderança em quadra e se orgulhava muito disso.
Na sala de aula, parecia que sua liderança se tornava algo negativo, o fazia não ter forças para estudar, para prestar atenção, atrapalhava a turma, desconcentrava os professores e criava muitas inimizades. Inimizades essas que não acreditavam como ele podia obter bons resultados. E as vitimas de sua tenebrosa atitude sem limites? Ele não pode corresponder às expectativas.
Ele era o capitão do time, ele era querido.....
Ele era um menino problema; em sala de aula, ele era odiado.

Como sua vida não era feita só de futebol, ele foi campeão no campo, e foi derrotado fora dele; foi perseguido como um bandido sem direito a legítima defesa, afinal foi pego várias vezes em flagrante, com sua maligna hiperatividade e sua temível impulsividade.
Orgulhosamente, foi lhe dado o veredicto final, como um juiz que dá uma sentença a um réu, sua reprovação em matemática foi ovacionada pelos guardiões da boa conduta e da paz escolar, e sua conseqüente saída da escola como um início de um novo ciclo de alegria, sem ele, aquele menino, que jogava bem futebol, mas somente isso.
Ele chorou, perdeu seus amigos, sua escola, mas mais do que tudo isso, perdeu sua auto-confiança.
Ele já estava se tornando um adulto, e por meios do destino sua mãe conheceu um médico que tratava de um tal “déficit de atenção”. Seria tão somente o 445º tipo de tratamento para curar aquele garoto-problema, algo que até o mesmo já estava praticamente convencido que era.
Mandaram-lhe tomar Ritalina, um remédio ruim, que tira fome, e que lhe daria mais atenção e blá blá blá !!! Algo que ele já estava cansado de ouvir. Ele tomou a medicação sem crença nenhuma naquilo.
E o tempo foi passando, ele vivendo sua vida, em uma nova escola, procurando seu lugar no time de futebol do colégio...
Em 4 anos ele se tornou capitão do time. E mais, foi campeão vencendo a sua ex-escola; se formou como um dos melhores alunos da turma, passou para a faculdade que queria, tirando nota 10 na prova de matemática, a matéria que o fez passar um dos seus piores momentos ao ser reprovado.

Hoje ele está na faculdade. Ele ainda tem muito o que viver, com seu jeito hiperativo, desatento, mas agora controlado, sem deixar de ser ele mesmo. Ele vai vivendo, com o intuito de um dia poder mostrar que não era um bandido, um mal educado, nem um “sem limites”; era apenas uma pessoa diferente e, como todas outras pessoas diferentes, pode e deu certo na vida.
Hoje ele é feliz, tem uma namorada, estuda o que gosta, tem muitos amigos, sua família se orgulha dele e, acima de tudo, ele próprio sabe o que tem e vive feliz com a sua realidade.
Ele deseja que o que ele sofreu, outras pessoas não sofram um dia.
Ele?
Sou eu...
Beto
texto disponível no site http://www.tdah.org.br/reportagem01.php?tipo=T

terça-feira, 28 de setembro de 2010

COMO LIDAR COM ALUNOS AGITADOS E DISPERSIVOS

Uma criança com Síndrome de Déficit de Atenção (SDA) na sala de aula deixa qualquer professor frustrado. Ela não para quieta, não presta atenção, distrai os colegas e prejudica o andamento da aula. Seu desempenho escolar é, na maioria das vezes, vergonhoso. 
Estudos feitos nos Estados Unidos trazem boas notícias: é possível amenizar os sintomas da SDA através de estratégias de intervenção no comportamento. Uma aula onde a professora oferece feed-back frequente e supervisiona os alunos um por um, por exemplo, ajuda a manter a criança atenta. O mesmo acontece quando as tarefas são dinâmicas e criativas. Tarefas repetitivas e pouco retorno, por outro lado, favorecem o aparecimento dos sintomas.
 
Segundo os estudos, o professor obtém bons resultados:
 
- organizando as carteiras em círculo (ao invés de fileiras);
- propondo tarefas ativas (criar, construir), não passivas (preencher, responder);
- adotando um ritmo dinâmico nas aulas e criando oportunidades para os alunos participarem;
- fornecendo aos alunos um programa com as atividades do dia;
- usando recursos e formas de apresentação inusitados;
- elogiando o aluno quando ele demonstrar esforço e castigando-o quando ele sair da linha (ele deve saber que o mau comportamento traz consequências).
 
Outras dicas:
- Seja claro e objetivo ao definir as regras de comportamento dentro da sala de aula
- O aluno deve receber retorno não somente depois de terminar uma tarefa, mas enquanto estiver trabalhando
- Quando der instruções, peça para o aluno com SDA repetí-las para a classe
- Peça para o aluno fazer uma avaliação de seu comportamento e depois compará-la à sua.
- Professor e aluno podem, juntos, estabelecer metas e medir o progresso feito; o desafio motiva crianças com SDA.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

MEC vai elaborar política para alunos com distúrbios de aprendizagem

O MEC insitutui um grupo de trabalho para elaborar políticas direcionadas à educação de estudantes com distúrbios de aprendizagem. Essa equipe terá 120 dias para apresentar propostas de diretrizes que possam orientar os professores a atender melhor alunos com transtornos, como dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.
Segundo a ABD (Associação Brasileira de Dislexia), a dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula e atinge entre 5% e 17% da população mundial. A ABD define dislexia como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração.
Em relação aos alunos com déficit de atenção, a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (Abda) explica que eles apresentam sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. A discalculia causa dificuldades com operações matemáticas. O estudante com disgrafia tem problemas para escrever letras e números e aqueles com disortografia podem fazem confusões com as sílabas e trocar letras que se parecem sonoramente.
Instituído pela Portaria nº 6, de 5 de junho de 2008, o grupo é formado por especialistas do MEC, universidades, associações de pais e alunos e entidades ligadas a transtornos funcionais.
Via: Uol